domingo, 24 de junho de 2012

Jesus Cristo e São João Batista   -    Os Santos Primos

Nascimento de João Batista. Cântico de Zacarias.
São João Baptista- Fra Angelico 1435

São Lucas 1,57-66

“Chegou o tempo de Isabel ter a criança, e ela deu à luz um 

menino. Os vizinhos e parentes ouviram falar da grande 

bondade do Senhor para com Isabel, e todos ficaram alegres 

com ela. Quando o menino estava com oito dias, vieram 

circuncidá-lo e queriam lhe dar o nome do pai, isto é, 

Zacarias. Mas a sua mãe disse: 

- Não. O nome dele vai ser João. 

Então disseram: 

- Mas você não tem nenhum parente com esse nome! 

Aí fizeram sinais ao pai, perguntando que nome ele queria 

pôr no menino. 

Zacarias pediu uma tabuinha de escrever e escreveu: “O 

nome dele é João.”

E todos ficaram muito admirados. Nesse momento Zacarias 

pôde falar novamente e começou a louvar a Deus. Os 

vizinhos ficaram com muito medo, e as notícias dessas coisas 

se espalharam por toda a região montanhosa da Judéia. 

Todos os que ouviam essas coisas e pensavam nelas 

perguntavam: 


- O que será que esse menino vai ser? 


Pois, de fato, o poder do Senhor estava com ele.




               The Birth of Saint John the Baptist - 

                    Tintoretto - 1554 - Hermitage

«Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida»

Foi a oração e não o desejo sexual que levou à concepção de João Baptista. O seio de Isabel tinha passado a idade de dar vida, o seu corpo tinha perdido a esperança de conceber; apesar destas condições de desesperança, a oração de Zacarias permitiu a esse corpo envelhecido germinar ainda: foi a graça e não a natureza concebeu João. Este filho, cujo nascimento vem menos do abraço do que da oração, só poderia ser santo.

Apesar de tudo, não devemos espantar-nos por João ter merecido nascimento tão glorioso. O nascimento do precursor de Cristo, daquele que Lhe abriu o caminho, devia apresentar uma semelhança com o do Senhor, nosso Salvador. Se, portanto, o Senhor nasceu de uma virgem, João foi concebido por uma mulher velha e estéril. [...] Não admiramos menos Isabel, que concebeu na sua velhice, do que Maria, que teve um Filho na sua virgindade.


Aqui parece-me já haver um símbolo: João representava o Antigo Testamento e nasceu do sangue já arrefecido de uma mulher idosa, enquanto o Senhor, que anuncia a Boa Nova do Reino dos céus, é fruto duma juventude plena de seiva. Maria, consciente da sua virgindade, admira a criança gerada nas suas entranhas. Isabel, consciente da sua idade avançada, cora ao ver o seu ventre pesado pela gravidez; o evangelista diz, com efeito: «durante cinco meses permaneceu oculta». Temos de admirar também o facto de ser o mesmo arcanjo Gabriel a anunciar os dois nascimentos: traz uma consolação a Zacarias, que permanece incrédulo; e encoraja Maria, que encontra confiante (Lc 1,26s). O primeiro, por ter duvidado, perdeu a voz; a segunda, por ter acreditado imediatamente, concebeu o Verbo Salvador.




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