Nascimento de João Batista. Cântico de Zacarias.
São João Baptista- Fra Angelico 1435
São Lucas 1,57-66
“Chegou o tempo de Isabel ter a criança, e ela deu à luz um
menino. Os vizinhos e parentes ouviram falar da grande
bondade do Senhor para com Isabel, e todos ficaram alegres
com ela. Quando o menino estava com oito dias, vieram
circuncidá-lo e queriam lhe dar o nome do pai, isto é,
Zacarias. Mas a sua mãe disse:
- Não. O nome dele vai ser João.
Então disseram:
- Mas você não tem nenhum parente com esse nome!
Aí fizeram sinais ao pai, perguntando que nome ele queria
pôr no menino.
Zacarias pediu uma tabuinha de escrever e escreveu: “O
Zacarias pediu uma tabuinha de escrever e escreveu: “O
nome dele é João.”
E todos ficaram muito admirados. Nesse momento Zacarias
E todos ficaram muito admirados. Nesse momento Zacarias
pôde falar novamente e começou a louvar a Deus. Os
vizinhos ficaram com muito medo, e as notícias dessas coisas
se espalharam por toda a região montanhosa da Judéia.
Todos os que ouviam essas coisas e pensavam nelas
perguntavam:
- O que será que esse menino vai ser?
Pois, de fato, o poder do Senhor estava com ele.“
The Birth of Saint John the Baptist -
Tintoretto - 1554 - Hermitage
«Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida»
Foi a oração e não o desejo sexual que levou à concepção de João Baptista. O seio de Isabel tinha passado a idade de dar vida, o seu corpo tinha perdido a esperança de conceber; apesar destas condições de desesperança, a oração de Zacarias permitiu a esse corpo envelhecido germinar ainda: foi a graça e não a natureza concebeu João. Este filho, cujo nascimento vem menos do abraço do que da oração, só poderia ser santo.
Apesar de tudo, não devemos espantar-nos por João ter merecido nascimento tão glorioso. O nascimento do precursor de Cristo, daquele que Lhe abriu o caminho, devia apresentar uma semelhança com o do Senhor, nosso Salvador. Se, portanto, o Senhor nasceu de uma virgem, João foi concebido por uma mulher velha e estéril. [...] Não admiramos menos Isabel, que concebeu na sua velhice, do que Maria, que teve um Filho na sua virgindade.
Aqui parece-me já haver um símbolo: João representava o Antigo Testamento e nasceu do sangue já arrefecido de uma mulher idosa, enquanto o Senhor, que anuncia a Boa Nova do Reino dos céus, é fruto duma juventude plena de seiva. Maria, consciente da sua virgindade, admira a criança gerada nas suas entranhas. Isabel, consciente da sua idade avançada, cora ao ver o seu ventre pesado pela gravidez; o evangelista diz, com efeito: «durante cinco meses permaneceu oculta». Temos de admirar também o facto de ser o mesmo arcanjo Gabriel a anunciar os dois nascimentos: traz uma consolação a Zacarias, que permanece incrédulo; e encoraja Maria, que encontra confiante (Lc 1,26s). O primeiro, por ter duvidado, perdeu a voz; a segunda, por ter acreditado imediatamente, concebeu o Verbo Salvador.
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