enviada por: Luciana A. Braga
Sentada ao meu lado, no banco do metrô, estava uma mãe com sua criança, que me olhava fixamente. Seus olhos negros, grandes e brilhantes, saltavam de seu rostinho magro, talvez doente. Seus olhar era, a um só tempo, penetrante e penetrável. Não tinha pretensão maior do que a de ver e conhecer. Era também um olhar alegre, manifesto pelo sorriso que só as crianças têm.
Entre o abrir e fechar das portas a cada estação, o olhar profundo e puro dessa criança foi abrindo para mim a grande porta do Natal, cuja celebração próxima já tornou agitadas não só as ruas, como o comércio e a própria vida da cidade.
Como um bordão, ficou ressoando nos meus ouvidos a palavra daquele cujo nascimento é o motivo dessas celebrações: “quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nunca entrará nele.”. Ouso acrescentar: “quem não receber com o olhar e o sentimento de criança o seu irmão, nunca o encontrará.”.
De fato, só os olhos puros, como os das crianças, que veem sem julgar, livres de padrões de interpretação e preconceitos, podem acolher a outro tal qual ele é. Só olhos puros podem amar, pois amar é acolher o mistério do outro em sua própria vida.
Para os que creem no Pequeno Grande Menino de Belém, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, o Homem perfeito, Ele é medida e caminho da própria humanidade. Ele é o Emanuel, o Deus-conosco, o Príncipe da Paz.
No Natal, celebramos o mistério de Seu amor que o levou a fazer-se homem na humildade e não na grandeza; na manjedoura e não nos palácios ou nas nuvens do céu. Ele veio para nós e não contra nós; para salvar e não para julgar; para nos trazer o perdão e a paz e não a cólera, o julgamento e a condenação. Ao fazer-se Menino indefeso, não se recobriu de poder nem arregimentou exércitos, mas entregou-se à força do amor.
Por isso, o Natal é tempo de alegria e de renovação da confiança nos valores que superam a maldade, a cobiça, a malícia enganadora, os interesses mundanos, a glória passageira, a prepotência, o poder que escraviza o poderoso e o dominado, a propriedade que aliena. Confiança no Amor, bem supremo, do qual emana a justiça e a paz.
Como a criança que foi ao meu lado ao longo de minha viagem, desejo neste Natal que todos possamos ter os olhos abertos para receber e ser recebidos; amar e ser amados; entregar-se e acolher; ser feliz e fazer feliz a quem caminha conosco, a quem trilha os mesmos passos, a quem nutre a mesma esperança.
No Senhor da Vida,
Pe. Aníbal
Obrigadopela mensagem linda! Me fez refletir sobre meus valores que acho ando esquecendo e invertendo e fugindo das minhas verdades!
ResponderExcluirCarlos 44